Patita Feia

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - F.P.

quarta-feira, setembro 29, 2004

Noite...

É à noite, quando me deito, que mais só me sinto...

É no silêncio da noite que todos os pensamentos afluem em mim e todas as memórias teimam em magoar.

É numa cama fria e vazia em que me deito e peço ao sono que venha a correr, sem trazer qualquer sonho consigo, nem tão pouco imagens nem ninguém do passado.

É à noite que me deito completamente esgotada pelo trabalho e o meu corpo grita pelo descanso, mas também é só à noite que tenho vida própria. Sozinha.

É à noite, nestes últimos minutos-séculos antes de apagar a luz, que tenho tempo para mim. Que risco da minha lista as coisas que andam por fazer. Que faço outras listas. Como se fosse uma pessoa extremamente metódica e calculista. Que não sou. Adoro fazer listas. Dá-me uma sensação de organização, de esquematização e dissecação da minha vida como se fosse possível controlá-la. Controlar-me. Controlar os meus instintos, a minha impulsividade, os meus sentimentos. Como se fosse um programa de uma máquina. Que não sou.

É à noite que páro e penso. Qualifico. Quantifico. Escrevo. Fluo. Existo enquanto ser individual.
É nestes minutos em que me dispo de roupa e papéis que desempenho.

Filha. Irmã. Amiga. Profissional. Amante.

E fluo somente na minha existência como Mulher.

Mulher só.
Mulher magoada.
Mulher triste.
Mulher melancólica.
Mulher saudosista.

E TAMBÉM

Mulher alegre.
Mulher viva.
Mulher esperançosa.
Mulher feliz.
Mulher não-só.

A luz artificialmente forte deste candeeiro fere-me a vista. A caneta dói-me nos dedos. O papel amachuca-se com a almofada.

E eis que chega o tal momento pelo qual anseio.

Que é quando estas Mulheres todas se juntam, formando uma só, que começam as interrogações.

Estou só mas feliz?
Ou estou esperançosa e saudosista?
Magoada, só , não-só e viva?

As interrogações começam a aparecer e as pálpebras se encerram.

Não gosto de confusões.

Se eu sou assim, mescla, então dormirei mesclada entre mim e mim mesma.

Ao menos tenho a certeza de que nunca dormirei sozinha.



terça-feira, setembro 28, 2004

Beijos de Água...

Água fresca.
De manhã. Quando acordo.
Com o café - sempre.
Litros e litros durante o dia.
Antes de me deitar. Fresca.

Sempre fresca.

Poucas coisas coisas são tão revigorantes como um grande copo de água fresca.

Adoro água fresca. A maneira refrescante e intensa como me percorre o corpo.

Pouco se assemelha à sensação de beber água fresca.

Parece que volto a mim, como um acordar lento e interno. Todas as minhas células se renovam. Se expandem.

Como um mergulho num rio. Água fria. Por todos os centímetros da minha pele.

Melhor que água fresca e água fria, só um beijo quente e apaixonado. Mas isso não vem engarrafado. Nem se compra nem se vende. Dá-se. Retribui-se. Espera-se. Mais e mais.

E volta-se a dar.

Tenho saudades do aroma quente de lábios. E de nadar no rio. Frio.

"E depois do Adeus"

Não sei porquê... acordei com esta música a tilintar-me no ouvido...até gosto, é profunda e cheia de sentimento...Sentimento outrora sentido...

"Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós"

Paulo de Carvalho, letra de José Niza

segunda-feira, setembro 27, 2004

Gosto tanto de ti que até te Amo!

O pensar que um dia te vou perder, dá-me dores de barriga e náuseas.

O pensar que neste momento estás em casa cheia de dores em vez de estares a trabalhar com o teu bom humor habitual, dá-me náuseas e faz-me doer a barriga.

Sinto o almoço às voltas no estômago cada vez que penso que estás a envelhecer. Que te chateio de morte. Que te faço passar dos carretos. Que se calhar não te estou a aproveitar. Penso que é eterna. Quero que sejas eterna. Para sempre a aturar-me as birras, os caprichos (poucos), os suspiros de respiração ansiosa presa nos pulmões... Quero que mimes os meus filhos, com todo o Amor e dedicação que tiveste connosco. Mesmo sem tempo. Mas de coração.

Chateia-me mandar-te à cara que estou muito bem com o meu Pai. Não é que tenha necessariamente de estar mal contigo para estar bem com ele. Mas sempre foi assim. Parece que tenho de passar o resto da minha vida a escolher. Estar bem contigo ou com o Pai. Vocês são indissociáveis para mim. São metade de mim. Eu sou o reflexo daquilo que vocês foram uma vez há muitos muitos anos. Eu sou fruto disso. Dessa fase. A minha Irmã é fruto de vocês os dois, mas de outra fase. Nem melhor nem pior. Somente diferente.

Daí sermos iguais na essência, diferentes em tudo o resto.

Daí ela te dizer com todas as palavras "AMO-TE" e tu a encheres de beijinhos, daí eu estar com este grito baixinho apertado a querer dizer-te "Por favor nunca te vá embora, Amo-te com todas as minhas forças e morro de preocupação de que não sejas feliz, preciso de ti porque mais ninguém nesta vida me conhece tão bem e me aceita e me ama tal e qual como eu sou...", porque já sei que me vais tentar abraçar e confortar e eu vou desatar a chorar. Como já estou. Mas desenfreadamente. E vou ficar ranhosa e com os olhos inchados. E dor de cabeça. Então não quero.

Mas depois penso que deves estar em casa, cheia de dores, então aproveito a minha saída para beber café para te ligar (como as milhentas vezes por dia), para saber se estás bem e dizer que gosto muito de ti.
Já sei que vou chegar a casa e me vou prostar no meu habitual marasmo físico e frémito psicológico...

sexta-feira, setembro 24, 2004

SPM

Detesto pessoas hipócritas.
E mentirosas.
E que passem por cima de mim.
E que me façam sentir dispensável.

Tou farta de andar esgotada.
De me esgotar pelos outros.
De não fazer nada pela minha vida.

Detesto que as pessoas que não me vêm há algum tempo me digam que estou com ar abatido / infeliz / cansado / sozinho ou qualquer outra coisa que me faça sentir isto tudo acima enumerado.

Quero empanturrar-me de chocolates.
Ver filmes "de gaijas" e chorar desalmadamente.
Limpar a maquilhagem esborratada e beber litros de café.
Passar o resto da noite de olhos esbugalhados a reflectir luz de velas e a cheirar a incenso. Escrever sobre nada.

Devia-me auto-proibir (cheira-me a pleonasmo) de escrever quando estou assim. Mas faz parte de mim. Também sou assim. Não sou só um sorriso e uma palavra amiga para toda a gente. Também preciso de colo. Mais do que admito precisar.

Adoro ser Mulher...mas há dias fdp*ta!!!

quinta-feira, setembro 23, 2004

Quinta Entr'Águas

Apetece-me diospiros maduros...

Cheirar a terra molhada das fazendas...

Subir às figueiras e ficar com a boca assada por causa da porcaria da seiva dos figos lampos...

Apetece-me acordar na cama gigante da minha Mãe, ver a cara da minha VóLinda de tabuleiro na mão a dizer que tem de ir comprar mais queijinhos frescos para mim...

Apetece-me ir para a margem do rio, debruçar-me e apanhar rãs...passar o resto da tarde a brincar com elas...

Apetece-me respirar fundo e cheirar as rosas.
As camélias.
Aquelas flores roxas que eu não sei o nome.
Cheirar os Castanheiros-da-Índia em flor...

Apanhar nêsperas à janela e comê-las quentes e verdes. Ficar mal disposta da barriga.

Apanhar folhas de amoreira na janela da cozinha para dar aos bichos da seda que não vão chegar a nascer...

Apetece-me comer queijo com marmelada da minha VóLinda.

Apetece-me falar sozinha e com o meu Bolinha.

Fazer corridas a saltar à corda com a minha Mana e 'nha Vó no corredor que não tem fim.

Apetece-me enfiar os gatos dentro de caixas medonhas que são as casinhas novas deles.

Apetece-me soprar 8 velas e cantar os parabéns com os meus amigos para o resto da vida e mais seis meses.

Jogar às escondidas numa casa de 15 divisões até nos fartarmos de procurar e acabar com a brincadeira.

Pasar horas em cima do meu guarda-vestidos, onde tenho o meu diário, o meu Pé de Laranja-Lima, os discos do curso de inglês que nunca fiz, os mini-livros do Petzi, pétalas secas das rosas mais bonitas, flores de jasmim, a minha Camila-Mila...

Vêm-me as lágrimas aos olhos ao recordar uma casa que já não existe, uma infância que já passou e memórias que ficarão para sempre...

segunda-feira, setembro 20, 2004

20.09.2004 - 01:05 a.m.

Se há algo realmente bom nesta vida, são as crianças.

Tive a felicidade de estar presente na festa de aniversário da minha Afilhada.

6 doces anos.

Há 6 anos que tenho mais amor no coração.
Há 6 anos que tenho alguém que me aceita tal e qual como sou, não me questionando pelas minhas acções.

Mas, como em todas as vidas em que entro, sinto que na dela também há laivos de efemeridade.
Quando chego, volto logo a partir. É a história da minha vida.

No entanto, todo o sentimento que nutrimos uma pela outra é inabalável.
Cada vez que chego, o rosto pequenino e doce da minha Afilhada ilumina-se como se tivesse nascido mais uma estrela no Céu.

Quando a vejo, desvanescem-se todos e quaisquer maus pensamentos e a minha Fé na Humanidade é totalmente reestabelecida.

Quando parto, o sorriso triste dela só é superável pelo olhar de Esperança de que nos voltaremos a encontrar. Talvez até mais cedo do que pensamos. Das coisas que vamos fazer um dia. Os planos para duas cúmplices. Desde o dia em que ela nasceu. Há 6 lindos anos.

Com ela, renovam-se todas as esperanças e perspectivas no amanhã, que a Humanidade seja tão pura, delicada e sensível como ela é.
E isso, cabe-nos a nós preservá-lo e proporcioná-lo.

"Porque a geração que hoje nos critica, é a geração que nos educou".

Espero que nos estejam reservados dias mais cristalinos e pacíficos, bonitos e puros...
Como o sorriso terno das crianças.

ADORO-TE BEA ( Parabéns à minha Mamã...!!!)

quarta-feira, setembro 15, 2004

"Reinvent Yourself"

Após um espéctaculo extasiante, os dois écrans gigantes fecharam-se com uma porta, deixando escrita a mensagem "Reinvent Yourself".


Dá que pensar.


Quando tiver tempo, pensarei nisso. Provavelmente cortarei o cabelo de uma maneira completamente diferente...

Breaking the Habit...

Não é de todo o meu estilo musical, mas a profundidade desta letra transmite exactamente o que sinto...

"Breaking The Habit"
by Linkin Park

Album : Meteora


"Memories consume like opening the wound
I'm picking me apart again
You all assume, I'm safe here in my room
Unless I try to start again

I don't want to be the one the battles always choose
'Cause inside I realize that I'm the one confused

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
I don't know why I instigate
And say what I don't mean
I don't know how I got this way
I know it's not alright
So I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight...

Clutching my cure, I tightly lock the door
I try to catch my breath again
I hurt much more, than any time before
I have no options left again

I don't want to be the one the battles always choose
'Cause inside I realize that I'm the one confused

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
I don't know why I instigate
And say what I don't mean
I don't know how I got this way
I'll never be alright
So I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight…

I'll paint it on the walls
'Cause I'm the one at fault
I'll never fight again
And this is how it ends

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
But now I have some clarity
To show you what I mean
I don't know how I got this way
I'll never be alright
So I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight..."

Desinspiradamente...

"O que hoje fazemos é muito importante, pois estamos a trocar um dia da nossa vida por isso".

terça-feira, setembro 14, 2004

14.09.2004

Isto hoje está complicadote de gerir...

O meu cérebro está a 1000 à hora, os pensamentos sobrepõem-se uns aos outros, a minha lista de afazeres permanece inaltarável em número de itens...

O aniversário da Mamã, o organizar a ida à festinha da minha Afilhada (concentrar-me e arranjar mais paciência para as criancinhas...elas merecem), o trabalho que me dá conta dos últimos neurónios, arranjar um banco que me empreste dinheiro para comprar uma casa, ligar aos amigos que não vejo há imenso tempo, arranjar coragem para ir fazer um check-up, coordenar uma viagem ao Norte (o prometido é devido)... ai ai ai!!!


Isto é fácil...
Se a minha Mãe lesse isto, perceberia de imediato que o que eu tenho é medo. Medo do desconhecido. É por isso que ando estupidamente irritável. Porque tenho iis para pôr pontos.
Porque me falta só mais um bocadinho de coragem.
Por isso é que arranjo milhentas coisas para atafulhar o cérebro.

Tenho de procurar o último livro duma colecção.

Tenho sentimentos misturados. Certas coisas que me dão prazer, obrigo-me a mim própria a deter-me. A pôr um ponto final. Para não me magoar futuramente. Eu sei que não vai passar do que tenho. Que não é aquilo que preciso.

Tenho de mudar as minhas flores para um vaso maior.

Sentimentos ambíguos. Antitéticos.

Tenho de acabar de fazer a mantinha para o bebé duma amiga.

Tenho de dormir mais e melhor. E sei perfeitamente que estou assim porque não o faço. Porque durante toda a santa noite sou assolada por listas. Listas de coisas a fazer. A lista dos bens materiais a comprar. A lista de arestas pessoais a limar. Lista de postais de Natal (não esquecer de verificar a morada do postal que veio devolvido em 2003). A lista das coisas que tenho pendentes no trabalho.

Tenho de deixar de ficar no escritório à hora de almoço.

Tenho... ai carago!!! Tenho de ir levantar a porra dos bilhetes para hoje!!!

Tenho... tenho de parar para pensar, é o que é...!

segunda-feira, setembro 13, 2004

Oh...dolce fare niente...

O que eu gostava...O que eu dava para estar na minha praia Alentejana, deleitando-me ao sol a ler um livro...

Back to earth.
Trabalho, trabalho, trabalho...

Telefone.
Email.
Fax.
Chefe.

Rotina diária, incessante e sem terminus.

Aceito.
Faz parte das escolhas que fiz.

Tal como andar de mochila pelo Mundo, sem rumo, somente ao sabor da boleia...é uma das escolhas que não fiz...
Não que me arrependa...mas não posso disfarçar o fascínio que me provoca pensar em anarquia mental...No rules. Sem horários.

Penosamente penso no bom que seria não ouvir o som do despertador. Não me levantar já cansada.

Mas por outro lado, seria um mundo que nunca descobriria.
Tal como o Mundo lá fora, ilimitado.

Limito-me a fazer as minhas viagens mentais.

E trabalhar, trabalhar, trabalhar...



domingo, setembro 12, 2004

12.09.2004 - 20:50

A auto-estrada é penosamente longa...e é contrariadíssima que a percorro...
Mais um fdsemana se viveu e, desta vez, sem sequer mencionar as palavras trabalho, dever, horários, despertadores...

Somente pairar sobre a vida e aproveitá-la ao máximo.
Pura descontracção e estupidez natural.

_____________"______________"________________

Estar perto de ti já não me faz confusão.
Acho que a ferida esteve tempo demais aberta, sem dar por isso, naturalmente já sarou. Deve ter sido da água salgada do meu Mar.
E passou depressa, mais depressa do que era suposto.
Mas, ao que parece, a sensação, contrariamente ao que esperava, foi de alívio.

_______________"__________________"____________

Dois dias de pura inconsciência, desprendimento total de todas e quaisquer obrigações.
Um pensamento apenas de efemeridade: Cheguei e vou partir.
Mas não é já...

Tenho poucas horas para recuperar a sanidade e encarar o esgar malino do relógio. Do monóxido de carbono. Do stress nauseabundo de todas as manhãs, impregnado em todos os recantos do comboio...
As mesmas caras, impávidas e sem cor, monotonia repetitiva dos gestos de todos e nenhum...

Amanhã é só amanhã...quando acordar aturdida pelo toque maléfico dos despertadores.

Amanhã já é semana...



sexta-feira, setembro 10, 2004

Transbordo de alegria...

....porque tive a agradabilíssima notícia que a minha querida PimaJo conseguiu um bilhete para ir comigo ver a granda maluca da Madonna!!!
Ina bem... vai-se cá juntar uma trupe...só gajedo!!!
A excursão parte rumo ao Pavilhão Atlântico com hora prevista de chegada por volta das 19:00, 14/09... (Galinhagem com fartura, eh eh eh).

E aí vou eu, soltinha como o arroz, em direcção ao tão almejado fdsemana Alentejano...!!!

Quac doces e cheios de sorrisos!
***

Resumo da Semana

"Durmo.
Se sonho, ao despertar, não sei
Que coisas eu sonhei.
Durmo.
Se durmo sem sonhar, desperto
Para um espaço aberto
Que não conheço, pois que despertei
Para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar".

FP

Tem sido assim a minha semana...
Estou esgotada, nem parece que acabei de vir de férias...
O que vale é que hoje retornarei ao meu tão querido Alentejo para carregar baterias e voltar menos mal na 2ª feira (mas contrariadíssima)...

Preciso de um "Quiet Little Place" (K's choice,que insiste em tocar na minha cabeça...)

quinta-feira, setembro 09, 2004

Acreditar na vida

Tomo a liberdade de publicar um e-mail que me foi enviado pela minha querida Mana:

"ACREDITAR NA VIDA

É ter esperança no amanhã.
Saber que após a noite vem o dia.
Viver intensamente as emoções!
Pular de alegria.

Não invadir o espaço alheio.
Ser espontâneo.

Apreciar o nascer e o pôr-do-sol.
Amar as pessoas incondicionalmente.
Aproveitar todos os momentos...
Fazer trabalho voluntário.
Vencer a depressão!
Confiar na voz da intuição. Perdoar as pessoas.
Estimular a criatividade.

Não se prender a detalhes.
Brincar como uma criança. Chorar de felicidade...
Deixar para lá.

Ter pensamento positivo.
Respeitar os sentimentos dos outros.

Rir sozinho.
Saber trabalhar em equipe. Ser sincero.
Encontrar a felicidade nas pequenas coisas.
Entender que somos pessoas únicas.
É dançar sem medo.
Não se apegar a bens materiais.
Respirar a brisa do mar.
Ouvir a melodia suave de uma fonte.
Observar a natureza.

Adorar um dia de chuva.
Ter motivação! Enxergar além das aparências.
Descobrir que precisamos dos outros.
Esquecer o que já passou.
Buscar novos horizontes.
Perceber que somos humanos.

Vencer a nós mesmos.
Ver a beleza da alma. Sair da passividade.
Saber que a vida é consequência de nossas atitudes...
Não procrastinar as decisões.

Mimar a criança interior.
Deixar acontecer...

Praticar a humildade. Adorar calor humano.
Curtir as pequenas vitórias.

Viver apaixonado pela vida!
Visualizar só coisas boas.

Entender que há limites.
Mentalizar positivo. Ter auto-estima.
Colocar sua energia positiva em tudo que realizar!
Ver a vida com outros olhos...
Só se arrepender do que não fez.
Fazer parcerias com os amigos. Crescer juntos.
Dormir feliz.

Emanar vibração"

Mais palavras para quê?


terça-feira, setembro 07, 2004

07.09.2004 - 01:25

O que é que nos move?

Será a Dor?
A dor corrói-nos e leva-nos a definhar. Mas dói porque outrora tivémos e sentimos.

Será o Amor?
O Amor impele-nos, o Amor move montanhas, o Amor edifica, o Amor une. O Amor dá-nos objectivos.

Será a Frustração?
A Frustração faz-nos construír nem que seja um cavalo de batalha para posterior destruição. A Frustração dá-nos um motivo. A Frustração justifica acções.

Será a Amizade?
A Amizade forma laços indestrutíveis. A Amizade apoia-nos quando precisamos. Estreita relação e permanece inalterável através dos tempos.

Será a Perda?
A Perda obriga-nos a vir à tona. A Perda obriga-nos a ter de reconstruír. A Perda faz-nos parar para pensar. E aproveitar aquilo que não aproveitámos.

Será a Esperança?
A Esperança faz-nos pensar mais além. A Esperança dá-nos alor prar mais um passo. Mais um dia.

Será a Fé?

A Fé...
A Fé move mentes, corpos, corações. E mais montanhas que o Amor, segundo o ditado.

A Fé eleva-nos.

A Fé... A Fé faz-nos sorrir com as pequenas grandes coisas.
Porque a Fé é Amor e Dor, Amizade e Perda, Esperança e Frustração.

Hoje aprendi que a Fé é a última a morrer. Porque não morre. É intransponível pelos milénios.

Porque nos move e através dela alcançamos Paz de Espírito.

Mas longe de mim atribuí-la à religião ou qualquer outra coisa. Não só, mas também.

A tudo.
A tudo nesta e noutras vidas.

Seja no dia-a-dia rotineiro, seja nos bons ou maus momentos.
Está lá.

Quando tudo se desmorona, a única coisa que se mantém é a Fé.

E começa tudo por termos Fé em Nós Próprios.

É como comer mais fibras:
EU JÁ COMECEI!



segunda-feira, setembro 06, 2004

06.09.2004 - 18:40

Tenho noção que às vezes me contradigo. Ao pousar a caneta no papel, as palavras fluem-se e nunca olho para trás. Está escrito, está escrito. Nunca releio. Nunca o fiz. Nem na Escola. Quais revisões de texto? Jamais!

Então contradigo-me.

Talvez devido à mescla de sentimentos que por vezes sinto em relação a determinadas coisas. Praticamente todas.

Aflui-me sempre um Eu perante determinada situação.

Menina-Anjo.
Mulher-Diabo.

Tantas e tantas vezes que a minha postura rígida e implacável é deitada por terra devido a um simples ruborizar de face...
Desarme total.

E outras tantas e tantas vezes que, ao ser ingenuamente livre, magôo quem me rodeia.

Isso hoje aconteceu-me.
De certa forma, melindrei alguém.

A minha leveza e frescura, às quais já me habituei, hoje foram egoístas.

Ao estar leve, breve, suave, não reparei que alguém precisava de mim.
Embora eu lá esteja. Sempre. Incondicionalmente.

Mas nem lhe dei hipótese.

A Anja Protectora revelou-se Humana e até mundana.

O desbobinar de experiências veraneantes, sonos bem dormidos, noites lindas de Lua cheia, dias solarengos na praia, tudo isto ensurdeceu o clamor por Amizade.

Não te ouvi no primeiro segundo de contacto.

Já sabia de antemão que precisavas do meu ombro. Mesmo assim... não te ouvi.

Ouvi-te, escutei-te, apoiei-te, aconselhei-te depois. Estou aqui. Agora e sempre.

Mas recrimino-me de não te ter ouvido no primeiro segundo...



06.09.2004 - 13:48

I'm feeling alive...

De volta à amálgama de toques, fumo, adrenalina e muito muito stress.
Teria eu saudades disto?

Não me apetece pensar que sim... se bem que, de algum modo, até tinha... Tinha saudades de me sentir útil de uma outra maneira... de uma maneira que se VÊ. Produtiva, executiva, combativa e profissional. Afinal, é parte integrante da minha vida.

Não que não me tenha sentido útil nestas férias... claro que um sorriso ao ouvir palavras de conforto, ou um piscar de olho de cumplicidade para mim, como pessoa, vale muito mais que dezenas de contratos assinados. Negócios fechados.

Partilhar tempo e alma com os que se Ama é indefinidamente óptimo.
Mas infelizmente não é isso que me paga as contas todos os meses.

Então, estou de volta, mais serena, mas já com o cheiro do stress impregnado em mim.
Tomarei um banho de lavanda. Sempre dá resultado. E eu adoro.

06.09.2004

Ao Diamante Nortenho em bruto:

A névoa paira sobre o Castelo. O ar frio entranha-se pelas pedras e pelos ossos...
O cinzento da paisagem é sombrio e frio...
Montes e vales até onde a vista alcança...Cinzentos. Frios. Vazios.

A neblina húmida adensa-se e cai sobre o Castelo, como se um manto de lã molhada e pesada se tratasse...

Subitamente, um raio de sol consegue finalmente rasgar o céu pesaroso de nuvens negras.
Uma tímida borboleta esgueira-se entre as giestas e rosmaninhos, também estes hesistantes em exalar o seu perfume...

Um botão de rosa, pequenino e quase e escondido, teima em desabrochar e mostrar a sua cor viva e límpida...

O vento suspende-se.

O aroma adocicado das mimosas começa-se a diluír nos fumos de chaminés dentro das muralhas.

Eis que surge no horizonte, um cavaleiro a cavalo em forte galope. Lá ao longe, consegue-se ver o seu esbracejar...

O eco do trotar do cavalo invade os campos, montes e vales. Homens e mulheres apressam-se às amuradas do Castelo e tentam deslindar que novas trará o cavaleiro.
Os pássaros páram subitamente o seu chilrear.
As flores páram de desabrochar.
O cavalo corre como o vento. Ouvem-se já perto os gritos do cavaleiro.

O raio de sol, como se cansado de lutar para passar as nuvens, estagna o seu romper.

Ouve-se finalmente, ofegante e cansado, o cavaleiro à imensa porta do castelo:
"Fechem tudo!!! Escondam-se e previnam-se! Vem aí! Vem aí! Pobres de nós!
Assim que eu entrar, tranquem tudo, o castelo, as vossas casas, os vossos corações! Vem aí!!! Vem aí...o Amor...!!!"

Silêncio total.
Impávidos e serenos, todos regressam às suas casas e, em gestos repetitivos e automáticos, trancaram e fecharam tudo. Aparentemente, não era a primeira vez que eram assolados por esse tal de Amor.

O raio de sol foi esmagado pelas pesadas e lúgubres nuvens.

As flores definharam.

Os pássaros voltaram aos seus recônditos ninhos.

As raposas novinhas voltaram às suas tocas, escondendo para sempre o fulgor da sua pelagem vermelho-fogo.

A borboleta morreu.

Um vento fresco e húmido levantou-se e espalhou-se por toda a Terra.

Começa a chover.
Alívio.
O Amor já tinha passado.

Impenetravelmente, o Castelo não foi assaltado ou sequer tomado. Triunfo!

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Mais uma vez, o amor não te tocou, Castelo Novo com semblante de Velho.

As tuas rugas em nada correspondem à tua idade.
As entradas no teu cabelo não são significado de Sapiência, mas ism de noites passadas em claro em procura incessante do Saber.
O teu corpo, outrora ágil e ainda apelativo, é delineado por contornos pesados e maciços, como se fosse o tronco de uma árvore centenária.
As palavras fluem-te da boca como se tivesses 1000 anos. Ásperas e secas.

Trai-te o olhar, somente.
O teu olhar permanece inalterável através dos tempos.

O brilho está lá, o brilho dos olhos de menino nuns olhos tristes, soturnos e cabisbaixos. Às vezes desafiantes. E cansados.

Mas ainda têm aquele brilho que um dia se cruzou com o brilho dos meus olhos de adolescente. Há anos atrás. Milénios.

Também agora um pouco Mulher cansada, mas a fazer questão de ainda saber sorrir.

sexta-feira, setembro 03, 2004

03.09.2004

Antes de ontem, despedi-me do mês de Agosto que, por sinal, foi revelador e surpreendente.

Ontem, saudei melancolicamente e expectante o Setembro.
Melancolicamente por saber a despedida.
Expectante por ser sempre um mês de mudança.

Hoje... Hoje vivi.
Choveu a potes.
Trovejou como se o Céu se tivesse quebrado em mil pedaços.
Mas vivi.

Vivi mais um dia com o meu Pai. Não que os conte.

Mas hoje teve um gosto particular.
Sentir o cheiro da terra molhada enquanto percorríamos os caminhos estreitos destes pinhais imensos...
O cheiro do eucalipto húmido que balanceava ao sabor do vento.
O silêncio cúmplice. Como sempre. Como dantes.

Ventos de mudança.

Sinto-o.

Sinto-o nas minhas entranhas. No meu coração.

Outrora teria ficado impaciente. Com medo do porvir.

Mas hoje... Agora..Não. Aguardo serenamente. Confio. Espero. Vivendo todos os dias.

A noite passada sonhei com crianças. Com a minha Escola Primária. Com a minha Professora Gracinda. Com as minhas meninas. Com a minha infância.
Acordei envolta em paz e serenidade.

Sinto-me a crescer.
Mas em equilíbrio com a criança feliz que fui.

Tenho finalmente as pazes feitas.
Interiormente.

Sorrio.

E vou dormir...
Para amanhã estar bem disposta para mais um dia de vida.