Quinta Entr'Águas
Apetece-me diospiros maduros...
Cheirar a terra molhada das fazendas...
Subir às figueiras e ficar com a boca assada por causa da porcaria da seiva dos figos lampos...
Apetece-me acordar na cama gigante da minha Mãe, ver a cara da minha VóLinda de tabuleiro na mão a dizer que tem de ir comprar mais queijinhos frescos para mim...
Apetece-me ir para a margem do rio, debruçar-me e apanhar rãs...passar o resto da tarde a brincar com elas...
Apetece-me respirar fundo e cheirar as rosas.
As camélias.
Aquelas flores roxas que eu não sei o nome.
Cheirar os Castanheiros-da-Índia em flor...
Apanhar nêsperas à janela e comê-las quentes e verdes. Ficar mal disposta da barriga.
Apanhar folhas de amoreira na janela da cozinha para dar aos bichos da seda que não vão chegar a nascer...
Apetece-me comer queijo com marmelada da minha VóLinda.
Apetece-me falar sozinha e com o meu Bolinha.
Fazer corridas a saltar à corda com a minha Mana e 'nha Vó no corredor que não tem fim.
Apetece-me enfiar os gatos dentro de caixas medonhas que são as casinhas novas deles.
Apetece-me soprar 8 velas e cantar os parabéns com os meus amigos para o resto da vida e mais seis meses.
Jogar às escondidas numa casa de 15 divisões até nos fartarmos de procurar e acabar com a brincadeira.
Pasar horas em cima do meu guarda-vestidos, onde tenho o meu diário, o meu Pé de Laranja-Lima, os discos do curso de inglês que nunca fiz, os mini-livros do Petzi, pétalas secas das rosas mais bonitas, flores de jasmim, a minha Camila-Mila...
Vêm-me as lágrimas aos olhos ao recordar uma casa que já não existe, uma infância que já passou e memórias que ficarão para sempre...
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