Patita Feia

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - F.P.

terça-feira, novembro 23, 2004

Independentemente da situação...

...a vida continua!

Serve este post para celebrar a vida.

Acabei de ter a excelente notícia que uma das minhas melhores amigas já teve o seu segundo rebento!

O Tomás.

O meu "sobrinhão"!

Celebrar a vida. Todos os dias. Em todos os momentos.

Esta madrugada nasceu alguém para ser amado.
E já o é. Desde o momento da sua concepção.
Foi feito em e com Amor.
Nasceu em Amor.

E não duvido um único segundo que vai crescer e viver em Amor.
Abençoado foi.

Que os Deuses lhes dêem muita saúde.

(Post lamechas, mas "straight from the heart")



segunda-feira, novembro 22, 2004

Medos...



Sempre foi o único medo que tive.
Aquele que petrifica e impede até de respirar.

Devidamente justificado, pois é trauma desde miuda.
Obviamente que tenho medo de aranhas.
Obviamente que sempre fui gozada à pala disso.
Principalmente nas férias Alentejanas, onde o calor faz com que estes seres se multipliquem de uma maneira quase inconcebível para mim. Para quê tantas? Para quê aumentar o meu terror?
Os meus primos e a minha irmã, "corajosos" porque conseguem tocar nestes seres (para mim) asquerosos, eram os maiores e passavam horas a engendrar planos para que eu apanhasse um susto com estes seres. E chorava desalmadamente.
Nunca ninguém percebeu a minha fobia.
Fobia.
Gela-me os neurónios.
Falta-me o ar.
Fico petrificada.
Dá-me vómitos por causa dos nervos.

Até que há bem pouco tempo a minha prima presenciou uma destas situações. Um ser destes, medonho e castanho e enorme e peludo, atravessou-se no meu caminho. Com todo o desplante, pareceu-me à frente.
Quando a minha prima me ouviu aos berros (coisa raríssima em mim, a bem da verdade), correu em meu auxílio e matou o ser.
Corri para a rua e vomitei. Tudo. O que tinha e não tinha.

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Descobri um medo maior.

O de sofrer.
Vejo a minha Mãe.
A angústia em que está.
As dores dilacerantes que lhe invadem o corpo e lhe modificam a cabeça.
As dores horrorosas que a fizeram tomar uma atitude e despedir-se de nós. De mim e da minha Mana.
Disse-nos que não tinha desculpas a pedir a ninguém.
Que tinha a consciência tranquila.
Que estava satisfeita ao olhar para trás e não se arrepender de nada.
Que nos amava e que todas as pessoas que ela amava o sabiam.
Porque ela sempre fez questão de o dizer e de o fazer sentir.

Despediu-se.
Disse-nos que não nos preocupássemos, pois ela não tinha medo de morrer.
Só de sofrer.

E eu nem quero pensar no mau que isso será.
Então tenho medo.
Que ela sofra.
Que eu sofra quando chegar à minha hora.
Que os que amo sofram.


quarta-feira, novembro 17, 2004

Obrigado...

Por toda a solidariedade.
Por todas as chamadas, mails e sms.
Por todas as orações e pensamentos.

Obrigado por tudo, é graças ao amor e à amizade que tenho tido forças para encarar todos os dias esta dureza que é ter presente no pensamento o facto de poder perder a minha Mãe a qualquer momento.

Neste momento, ela está no melhor sítio para se tratar.
Foi internada ontem no IPO.

A nós resta-nos esperar, serena e confiantemente, de que tudo irá correr pelo melhor.

Mais uma vez, obrigado pela força.
É graças aos amigos que temos razão de existir.



quinta-feira, novembro 11, 2004

Curtas definições...

tumor:
do Lat. tumore
s. m.,
inchação circunscrita, existente em qualquer parte do corpo.


maligno:
do Lat. malignu
adj.,
propenso para o mal;
malicioso;
Med.,
designa uma alteração celular que tem tendência a agravar-se.
tumor —: cancro.

mãe:
do Prov. may < maine < Lat. matre
s. f.,
mulher ou qualquer fêmea que teve um ou mais filhos;
mulher que dispensa cuidados maternais;
mulher caridosa e desvelada;
madre;


desespero:
s. m.,
desesperação;
angústia.

puta que pariu esta merda:
Lamentamos, mas não existem registos no nosso sistema.



quarta-feira, novembro 10, 2004

Porque não tenho palavras...



...para exprimir a tristeza e angústia profundas que sinto.

Ai que tenho tanto soninho...



Ai ai ai........
Estou quase a bater com a cabeça no monitor...

Mas porque quem correr por gosto não cansa... vale bem a pena andar mole hoje...porque ontem soube muito bem.

Fui invadida por descontracção...
Despreocupação temporária...
Sorriso nos lábios...

Sentimentos outrora permanentes, que teimavam em voltar.
Ontem saboreei a leveza.
A Paz de Espírito.
Mesmo que isso me tenha custado umas horas de sono!



terça-feira, novembro 09, 2004

"Cego Sentimento"

“Não posso impedir
que ele vasculhe o mundo
como a uma gaveta.
Ele vai tactear a noite
e eu não vou ver
só vou pensar
na noite em que me toca
e imaginar
que sou só eu.”

(Cláudia Arruda)

Bonito não é?
Dá-me tanto que pensar e eu sem tempo ou disponibilidade mental para tal...
Até porque doerá.
De certeza.

Dói pensar em ti, no estares sozinho por opção, por não teres permitido que eu fizesse parte da tua vida quando o quis. Quando te quis dar o meu mundo, o meu coração. Não só o meu corpo...

Se quiseste ficar sozinho...agora não te queixes...
Nem me tentes tactear a Alma para chegares ao meu corpo.
E nem é por teres chegado ao meu corpo que me chegarás à minha Alma. Já passou a tua devida oportunidade.

Para as Maçãs



Pela primeira vez desde há cerca de um mês e tal, consegui ter uma boa noite de sono...

Então acordei delicodoce.
Apetece-me dar mimos.

E este é um mimo para as minhas maçãzinhas!

segunda-feira, novembro 08, 2004

Conselhos do meu Avô Paterno...

“O Sol já está posto
E eu com rosas p‘ra apanhar...
Se não fossem os espinhos,
Apanhava-as ao luar...”

Em vésperas de completar 91 anos, está mais lúcido que a maior parte das pessoas que eu conheço.

Força invejável.
Saúde de ferro.
Rédea curta toda a vida. Com tudo e todos. Inclusivé ele próprio.

Nunca tive muita afinidade com ele. Sempre foi uma daquelas figuras meio sombrias...Estava lá nos jantares de Natal-sim, Natal-Não, dava uma notazita e um puxão de orelhas e uma alcunha a cada neto...
Claro está que ninguém sabe bem quem é qual alcunha, mas gosto particularmente de "Mordicha". Fico com ela. A minha Mana fica a "Caga-no-ninho" (como o meu Pai foi alcunhado também por ser o mais novo...), a minha Prima fica a "Caga-e-tosse" (nunca percebi muito bem esta...) e o meu Primo fica o "Batatinha".

(Se fôssemos uma família da High-Society, vai uma aposta que "caga e tosse" era FASHION...?).


O meu Avô sempre foi sapateiro. Daqueles à moda antiga.
Desde que "deixou a terra" até a minha Avó falecer.

Só parou de se levantar às 06:30 da manhã e atravessar o Tejo quando a minha Avó morreu.

Aí, andou um bocado "às aranhas" - detesto esta expressão - voltou à sua pinguita (com uma benção e uma reza antes do shotzinho para não "caír mal"...), entretanto teve um coágulo monstro no cérebro, foi operado de urgência e teve uma convalescença que muitos putos de 18 anos não têm...

Hoje em dia, passa a semana sozinho - nem quer ninguém a chatea-lo - tem assistência da Santa Casa e vai quase todos os fins-de-semana para o Alentejo.

Qualidade de vida?
É possível que assim seja considerado.
Mas para isso também é necessário uma vida árdua de trabalho, abrir mão de quase tudo, para chegar aos 90 em forma, "recheado" e implacável como sempre foi.

(Pessoalmente não concordo.
Pode-se perfeitamente "nascer com o rabo virado prá Lua".

Ou viver um dia de cada vez, lembrando o ontem para viver bem o amanhã.)

Lembro-me que íamos em miudos visitar o Avô à sua oficina em Belém.
Lembro-me do cheiro da cola super-forte para o sapatos.
Da formas dos sapatos das "Senhoras do Restelo", cada uma com a sua medida.
De me picar nos preguinhos minúsculos de sapateiro.
De levar nas orelhas porque não tinha engraxado os sapatos (era miuda e brincava no jardim de Belém, onde cheirava a maresia d'ontem e tentava apanhar borboletas...).

Estive com ele ontem.
Agora que é Bisavô, tenta ser Avô.
Trapalhão e desconcertado, ao seu jeito, como quem nunca teve mimos.
Tosco. Com as mãos ásperas de anos e anos de cola e graxa.

Mas lúcido e como as árvores - vai morrer de pé.

quinta-feira, novembro 04, 2004

Amizade



Como diz o poeta:
“Hoje fiz um amigo”

Geralmente nunca nos apercebemos quando fazemos amigos.
Geralmente pensamos que são mais uns para as sms de Natal, para os chain-mails ou para, muito de vez em quando, beber uns copos...

Hoje fiz um amigo.
E sei-o.
Porquê?

Não sei.
Só sei que o sinto nas minhas entranhas, tal e qual como verdade que é para mim.

Sente-se perfeitamente quando se perde um amigo.
Porque é que não se há-de sentir quando se ganha um?

É claro como água para mim. Sinto-o. É a minha verdade.

Também porque é recíproco.

Espero que o meu amigo também sinta que hoje fez uma amiga.

Porque fez!

Então...hoje é um dia feliz!

Desculpa.



Desculpa.
Desculpa tudo.
Desculpa nada.

Desculpa o mau feitio.
Desculpa as más respostas.
Desculpa as trapalhadas.

Desculpa as ausências.
Desculpa os silêncios.
Desculpa as minhas cobardias.

Desculpa viver só no meu mundo.

Desculpa não estar presente mais vezes.

Desculpa as lamentações muitas vezes vãs.
Desculpa os meus ciúmes infundados.

Obrigado por existires.
Obrigado por me teres dado vida.
Obrigado por me ensinares a viver.
Obrigado por me encaminhares sempre para o bem.
Obrigado pelo ombro, colo e coração sempre disponível.

Obrigado pelos chás, sacos de água quente, mimos e aconchego na cama.
Obrigado pelas noites passadas em branco ao meu lado.

Obrigado por deixares falar horas a fio, mesmo quando estás cheia de sono
(e depois o perdes por me estares a ouvir...).

Obrigado pelo teu Amor incondicional.
Obrigado por não fazeres juízos de valor.
Obrigado por me amares mesmo quando devia levar um par de estalos.

Obrigado e desculpa.
Desculpa e obrigado.

Amo-te.
Sinto muito a tua falta Mãe.
E sinto-me perdida sem ti.
(agora dizias-me que já sou crescidinha demais e que tenho “o cu cheio de mimos”...)

segunda-feira, novembro 01, 2004

Às voltas...

Voltas
e voltas
continuo a dar.
Se um dia voltas
irei hesitar.
E voltas
e mais voltas
eu sempre darei
porque ainda não voltei
a ser tudo o que sei.
E se um dia voltas,
vou eu ficar às voltas,
e tudo equacionar
e a me questionar.
Se um dia voltas
vais ter de andar às votlas
tal e qual como eu andei
e como ainda ando.
Mas agora
rodopio sobre mim mesma...