Sozinha, mas de sorriso nos lábios...
Entro em casa.
Sozinha.
Tiro o casaco, componho o lenço ao pescoço, mistura de motard e tuaregue, ponho o meu chapéu de batalha psicológica e esvazio o saco das compras.
Copos.
Comida para gato.
Vinho tinto.
Abro a garrafa cerimoniosamente.
Silenciosamente.
Respiro fundo como o vinho.
Ligo o rádio.
Fecho a porta da cozinha. Abro a janela da varanda.
Olho para a paisagem calma e verdejante que não vejo. Respiro o ar puro que não existe entre o betão e o vislumbrar dos terraço e janelas dos meus quase desconhecidos vizinhos.
Estendo a roupa acabada de lavar.
Cheira a amaciador cor-de-rosa e a Verão.
Aquele que já partiu.
Os jeans curtos...os tops da praia...a camisola daquela noitada no Porto. O decotado preto da cataplanada. O vermelho manchado de vinho...tinto como o que bebo agora.
Dar comida aos gatos. Ronrons interesseiramente esfomeados.
O cão ladra. Também quer atenção. Mimos.
As pessoas são como os gatos ou como os cães.
Ou ronronam interesseiramente ou ladram directa e sonoramente.
Tema para escrever num outro dia...
Agora resfastelo-me no sofá verde, a deliciar-me com pizza caseira, silêncio e vinho tinto.
Casa limpa, Mãe visitada e animicamente bem, bicharocos mimados e alimentados, Mana a visitar o namorado.
E eu... Com o meu livro a acompanhar-me no lento percorrer dos minutos como o vinho pela garganta.
Às vezes, a vida pára e eu respiro-a deliciosamente.
Às vezes, no meio de tudo que se assemelha a caos, há um fugaz momento de calma e efémera felicidade nos pequenos nadas...
1 Grasnados:
Às vezes vale a pena ser nada e ser capaz de ver tudo...
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