Caroço indigesto
Sentia-se precipícia
Um passo e tudo acabaria
Nunca o deu
Um dia acordou morta
Como a mãe e a avó e a bisavó e todas as outras mulheres antes dela
Nunca o matou
e ela foi morrendo todos os dias
Eva antes dela pecou
e ela o mesmo pecado dela o tomou
a ânsia de mudar
de tudo alterar
a maçã
apodreceu
e nunca floresceu
E ela mal acordou, morreu.
Adão nunca ripostou
nunca gritou
nunca mudo mudou
nunca agiu
Adão deixou-a morrer
Mal ela acordou
E nas suas mãos
o seu corpo tomou
Só aí é que se apercebeu
de perder o que de mais era seu
e aí... também ele morreu.
5 Grasnados:
É um sentimento de tristeza...e dói.
Quando assim é, partimos em silêncio.
Quanto àquele que abandona...é claro que se morre um pouco quando se abandona alguém.
Lindo*
Adorei o "sentia-se precipícia".
O fim, assemelhando-se a um Romeu e Julieta, é trágico mas inevitável.
Gostei mesmo muito de ler e pensar ao sabor das palavras.
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on a lighter note: Amanhã baldo-me ao cursinho. Viva a sexta.feira a dois! Com ou sem cobertor! :P
Há muitas coisas que se nos entalam.
E a indigestão pode durar toda uma vida.
:)
Sempre um Adão que opta por ficar quieto.. Sempre um arrependimento tardio.. demasiado tardio :(
A diferença entre o teu post poético e os demais é a carga emocional que transporta e transmite a quem lê :)
Os meus parabéns!
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