Patita Feia

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - F.P.

domingo, setembro 18, 2005

Dia agri-doce


(Saudades indiscritíveis.
O tempo passa e nem por isso a dor atenua.
As lágrimas escorrem e corroem-me minh'Alma.
Farias hoje 48 anos.
É o primeiro aniversário em que estás fisicamente ausente.)

A VóLinda escreveu uns versos bonitos, quentes gravados na frieza tumular.
Olho para a tua campa e não sinto conforto. Afinal estás sempre comigo.
No entanto não consegui deixar de ir ao Cemitério no dia do teu aniversário.

Dói.

Dói não te poder beijar. Acordar-te de manhã, assustar-te ao entrar no quarto e saltar para cima da cama, com a Mana, os gatos e o cão, todos em uníssono a dar-te os Parabéns. Passar o dia a engendrar uma maneira de te pregar partidas até à noite, encher-te de mimos, fazer um jantarinho à maneira, abrir uma garrafa de bom tinto e brindarmos até ao "caír do pano"...

Assim sendo, na impossibilidade de te poder abraçar e beijar com todas as forças como todos os dias em que estivémos juntas, comprei-te um antúrio vermelho com rama de cameleira.

Escrevi-te um bilhete. Falei contigo um bocado, sentada ao teu colo.
Deambulei pelo cemitério, à procura de nada. (Bem sabes que sempre gostei disso, de ver as lápides e as dedicatórias, rir-me um bocado, chorar outro tanto, ter pena, muita pena de ver campas abandonadas, arranjar as flores moribundas, levantar jarras caídas, mandar beijos e desejos de força e luz a todos que lá descansam.... estranhíssimo... mas não me sinto desconfortável com o culto dos mortos... whatever....).

Saí em Paz, tranquila e sem mais choro.

Tinha de ir ao Cemitério antes de ir à festinha de Aniversário da minha Linda (prima-) Afilhada.
A Beatriz fez 7 anos.
Nasceu no mesmo dia que a Tia Ana. A minha Mãe.
No dia 18 de Setembro de 1998, antes de entrar para um exame da Faculdade, liguei à minha Mãe para lhe dar os Parabéns e ganhar força e coragem para ir para aquele fatídico exame ainda em férias.
Dei os parabéns à minha Mãe e soube que tu Beatriz, tinhas nascido lnda e perfeita, pesadona e com tudo no sítio.
Fiz o exame à pressa, não quis saber nem de notas nem se correu bem e vim a correr para casa, abraçar a minha Mãe e ver a minha Afilhada.
A-fi-lha-da.
Como se minha filha fosses.
Considero-te parte de mim.
E espero que tenhas "herdado" algo de moi.
(A VóLinda costuma dizer que eu devo ter-te posto a mão na cabeça mal nasceste, visto as "carradas de mau-feitio" serem IGUAIS. Ahhh... Isto não é lindo?!).

A festinha correu bem, divertimo-nos imenso, ali tu estavas, no alto dos teus sete anos linda e irrepreensível, feliz e rodeada de todos os quanto te amam.
De ambos os bolos de aniversário (o da festa dos amigos e a da família), ofereceste-me a primeira fatia.
Emocionou-me bastante. Alta consideração e estima.
Ego em alta.
Amor imensurável.

Parabéns Mãe.
Parabéns Beatrix.
Obrigado por existirem.

3 Grasnados:

At 9:54 da manhã, Blogger PDivulg aQUACKrescentou...

A morte deixa, por muita Fé que haja, sempre de rastos pelos nossos entes queridos...

 
At 9:41 da tarde, Blogger paulo aQUACKrescentou...

Gostei muito do teu blog. Txau

 
At 10:01 da tarde, Blogger Maria Morango aQUACKrescentou...

Sempre que escreves sobre a tua mãe sinto uma afinidade estranha. Também perdi parte de mim há um ano e meio e acho sempre que ninguém entende a falta que ele me faz, a saudade, a dor que causa, a confusão mental instalada que impede sempre de ver a vida de forma clara. Daqui a uns dias (1 de Outubro) o meu pai faria 49 anos..Há pessoas que nos são roubadas demasiado cedo, mas que continuam connosco sempre!

 

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