Patita Feia

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - F.P.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

É disto que eu sinto falta...

...Segurança, protecção, dedicação.
Noites em claro, dias felizes, ralhetes das faltas.
Lenços de papel, bilhetinhos de aniversário, post-its no frigo com beijos.
É um aconchegar de lençóis, é um acordar matinal atrasado, é um café caseiro de ontem a cantar músicas de anteontem.
É um beijo quente ao deitar, um beijo fresco ao acordar.
É ouvir a voz dela ao telefone “3 vezes por dia” como se fosse um “remédio”.
Colinho “porque ele me deixou”, colinho “porque tenho medo de aranhas”, colinho “porque não sei o que quero ser quando for grande”, colinho “porque estou tão feliz”, colinho “porque te amo”. É dançarmos com a esfregona, é declamarmos à chuva, é rirmos com piadas secas.
É escrevermos, listarmos, orçarmos.
É traduzir a letra daquela música que ela gosta há 20 anos. E vê-la sorrir por finalmente perceber as palavras doces que ouvia sem perceber, mas percebendo a sua doçura.
É olhar para mim e ver os traços do meu Pai. É falarmos, recordarmos e chorarmos pelo meu Pai.
É ajudar a maquilhar. É irmos às compras e chegar a casa e trocar as roupas.
É jantar fora, pedir, esperar, beber o vinho todo, esperar, reclamar e saír....tocadas pelo vinho e por aquilo que não comemos...
É dançarmos horas a fio na disco, cada uma no seu ritmo, ir retocar a maquilhagem ao wc e bebermos um shot “d’água das pedras” (Kalashnikov).
É ralhetes por chegar tarde, por beber um copo a mais, por fumar demais, por palavrões demais.
É pentearmo-nos ao sol, é beber refrescos de limão e hortelã.
É fazer bolachas de manteiga e aveia para uma semana e comê-las logo todas com cházinhos.
É ligar-lhe cada vez que sei uma notícia, ligar quando estou muito bem, ligar quando estou muito mal.
É imprimir os mails que ela não consegue abrir.
É ter uma expectativazinha e partilhá-la, ser ouvida e reconfortada somente por ter sido ouvida.
É chorar e ela limpar-me docemente as lágrimas.
É conteplarmos a Lua cheia cheia cheia, redonda como um queijo.
É abrirmos uma garrafa de vinho, cortar um queijo e brindar à Lua.
E ao Sol. E às Estrelas. E aos sorrisos. À VIDA!