Egoïste
Sinto-me estupidamente egoísta.
Porque me embrenho na minha dor, nas minhas dores e na minha vida.
Porque me consumo e a consumo, ela através de mim e eu dela.
Porque quando páro para pensar, é a minha dor que sobressai.
Porque não a vou voltar a ver. A minha Mãe. A pessoa mais importante da minha vida.
Egoísta como sempre fui.
Porque do outro lado do mundo morreram milhares.
Outros milhares tudo perderam.
Eu perdi a minha melhor amiga. A minha confidente. A minha protectora.
Mas, mal ou bem, tenho o que comer.
Tenho as fotos para a ver.
Tenho uma cama quentinha onde dormir.
Milhares ficaram desalojados.
Eu fiquei vazia.
Milhares choram sem terem tido tempo para se terem despedido.
Eu despedi-me todos os dias, aproveitei os momentos, beijei-a vezes sem conta.
Milhares foram enterrados apresadamente em valas comuns.
A minha Mãe teve uma última homenagem excepcional, reflexo da pessoa maravilhosa que ela foi, era, e É.
A Natureza provou uma vez mais que era Dona e Senhora do Planeta.
E que nada...nada mesmo se pode fazer contra isso e contra a lei "natural" da vida.
Mesmo com os melhores cuidados, a minha Mãe faleceu.
E a Natureza, como a Vida, não pára.
E tanto eu como os milhares que sobreviveram, teremos de continuar em frente.
Eu na minha dor e no meu egoísmo, mas solidária na dor como tantos milhares.
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