Patita Feia

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - F.P.

quarta-feira, julho 28, 2004

21.07.2004

21.07.2004:

Pairo na minha Existência...
Sinto-me como um floco de algodão ao sabor da brisa quente e adocicada de Verão...
Tudo é estranhamente ameno, tão diferente de toda a minha vida até hoje...!

Ser ambíguo e muitas vezes antitético, sempre lutei contra tudo e contra todos... Contra mim própria... Contra muitos moinhos de vento e sozinha com a minha “Pança” (analogia tão pobre...)
Armada e sempre em alerta máximo, tudo o que me era desconhecido, querido, diferente, apetitoso e apelativo era um alvo a abater.
Friamente calculista, de um só e único tiro. Preciso e indolor. Certeiro. Assim julgava eu...

Afinal, tudo eram armas enferrujadas pelas minhas lágrimas, encravadas pela minha hesitação em arriscar, barulhentas como latas velhas pontapeadas ao acaso...

Sempre fui de mandar tiros para o ar...afugentando todo e qualquer ser mais destemido que ousasse entrar no meu território: o meu coração, o meu Mundo, o meu subterfúgio...
Tiros para o ar...Nada tem de atirador furtivo!!!
Muito barulho por nada!
Por incontáveis vezes, o “inimigo”, o desconhecido, o diferente, o ameaçadoramente apelativo trespassou os limites do meu terreno, provocando danos irreparáveis...

Agora estou em tréguas comigo própria. Finalmente. A Paz sobrevoa a minha vida.

Doce amargo de boca. Como canela...
Muita calma...

Pouco movimento, pouca acção sentimental... Coração aberto de cadeado pendurado como segurança efémera e nada eficaz...

Coração aberto mas com porta de musselina...Transparente, mas no entanto, intransponível sem causar estragos...
Tento colocar o coração em tudo o que faço. Pôr um “filtro de Amor” em tudo o que me rodeia.
Estou a ficar mole de coração meio empedrenido... (como uma velha Só e só com gatos...!)

A minha Armadura nem é arma nem é dura... É como um véu de seda, suave mas resistente. Atraente pela sua vulnerabilidade e doçura, no entanto cruel como a morte das suas borboletas.
Sinto-me fluída, prestes a ficar inerte. Deve ser do calor abafado de Julho...

Por um lado, faltam-me as flores e as borboletas e a brisa da Primavera; por outro lado, o assobio negro anunciando o choro Celeste...
Nunca fui de meia-estação, de intermédios, de amenos e tépidos (“chalados” como a minha VóLinda diz...), nem daquele número – que sempre tive preguiça de descobrir qual é – que fica entre o 8 e o 80...

E eis que vislumbro a hipótese de ter descoberto o que seja:
* O EQUILÍBRIO *

Sim! Tem lógica!
Bate certo! Perfect match!

Então porque é que não estou feliz?!

Inodoro.
Incolor.
Insípido.

Não é mel de flores nem o sabor férreo do sangue.
É...cinzento. Não é branco nem negro.

Não cheira nem a bucólico nem a putrefacto.
Não é Amor nem Ódio.

Então não percebo porque é que alguém há-de almejar o dito Equilíbrio (seja lá o que isso fôr...)

Fica a questão em aberto e aguardo serenamente... como um dente-de-leão soprado por uma criança...
(Agora era a parte em que me questionava enraivecida...ou sorria esclarecida....mas não...?!!?!)

1 Grasnados:

At 1:20 da tarde, Anonymous Anónimo aQUACKrescentou...

Pois meus olhos não deixam de chorar
tristezas que não cansam de cansar-me
Pois não abranda o fogo em que abrasar-me
Pode quem eu jamais pude abrandar
não canse o cego amor de me guiar
a parte donde não saiba tornar-me
nem deixe o mundo todo de escutar-me
Enquanto me a voz fraca não deizar
E se em montes, em rios, ou em vales
piedade mora ou dentro mora amor
Em feras, aves, plantas, pedras, águas
ouçam a longa história de meus males
e curem sua dor com minha dor
Que grandes mágoas podem curar mágoas

 

Enviar um comentário

<< Voltar a' casa do Patos